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domingo, 1 de novembro de 2009

PSICOLOGIA FORENSE PROGRESSÃO DE PENA ESTUDOS

 
 
 
Sábado, 31 de outubro de 2009 - 09h55      


Foto: Sérgio Castro/AE Zoom Reprodução de fotos da família Richtoffen Reprodução de fotos da família Richtoffen

Karina Gomes

cidades@eband.com.br

SVR foi a primeira a entrar na mansão da rua Zacarias de Góis, no Brooklin, zona sul de São Paulo, na madrugada do dia 31 de outubro de 2002. Há exatamente sete anos, a jovem subiu rapidamente as escadas e viu que os pais dormiam. Cristian e Daniel Cravinhos aguardavam na sala de entrada com luvas brancas nas mãos segurando os bastãos confeccionados com ferro e madeira para não fazer barulho durante o assassinato. A filha do casal apareceu na escada fazendo sinal positivo com o polegar. Os irmãos subiram. Suzane acendeu a luz do corredor do quarto dos pais e disse: “Vai”.

“Ela não é uma criminosa ocasional, é bem estruturada. Tem vocação criminogênica muito forte. De jeito nenhum, ela vai passar por percalços de reabilitação que os outros presos passam, como fazer uma reflexão sobre o que ela fez ou sentir dor”, afirmou promotor de acusação de Suzane no julgamento realizado em 2006, Roberto Tardelli.

Às 4h do dia 31, o namorado D C ligou para a Polícia Militar ao lado de Suzane e seu irmão Andreas, de 15 anos. Antes do crime, por volta das 22h30, o casal havia levado o adolescente para jogar em uma lan house. Com os pais mortos e tendo levado dinheiro e joias escondidos no quarto e na biblioteca, Suzane e o namorado deixaram Cristian em sua casa e foram a um motel aproveitar uma suíte de luxo. Depois, buscaram Andreas. A cena da mansão da família R já estava pronta para forjar latrocínio (roubo seguido de morte).

Os policiais que revistaram a residência tinham a difícil tarefa de contar a tragédia para os filhos do casal M e MV R. Um PM pediu para que Daniel desse a notícia. O namorado de Suzane cochichou no ouvido dos dois. Ninguém chorou ou ficou em estado de choque. Somente a jovem perguntou com tranquilidade: “e o que é que a gente faz agora?”. O policial ficou espantado.

“Ela compõe farsas, tem choro teatral e é manipuladora. O caso dela é irreversível”, afirmou o psicólogo forense, Guido Palomba. No dia 3 de novembro, aniversário de 20 anos de Suzane, ela e Daniel, acompanhados de dois casais de amigos, comemoraram a data no sítio da família Von Richtoffen. “Ela não tem remorso e nenhuma ressonância afetiva. Diante de um crime de extrema gravidade, S não explicitou sentimentos, como piedade e compaixão, por exemplo. Ela não se arrepende e é egoísta”, disse Palomba.

Os depoimentos de familiares dos V R, da família Crav e de amigos e testemunhas ajudaram a provar a incoerência no relato do casal e do irmão de Daniel, Cristian. No dia 8 de novembro, as histórias dos três não se sustentavam mais. Após horas de depoimento, Cristian confessou o crime.

Registro

Ilana Casoy, especialista frequentemente convidada pelo Ministério Público para acompanhar investigações de crimes violentos, descreve em O Quinto Mandamento (2006), os passos policiais para descobrir o assassino do casal Richtoffen.

“Entrevistei mais de cem pessoas para poder narrar essa história. Policiais, delegados, peritos contaram o trabalho feito e as conversas que tiveram com os criminosos e eu tive acesso a todo o inquérito. A minha impressão é de que Suzane é uma moça totalmente inadequada. Ela é estranha a nós, por causa do distanciamento e a banalidade com que trata o assassinato dos pais. O mais grave é a luta pela herança”, disse Casoy.

A especialista assistiu à reconstituição do crime realizada no dia 13 de novembro de 2002, que durou mais de 12 horas. “O Cristian estava muito agitado e Suzane, muito distante, fria e falando normalmente. Ela não teve reação de emoção. O Daniel estava deprimido, emocionado e logo começou a chorar. Ele teve ânsia de vômito quando teve que entrar no quarto do casal e reproduzir os golpes contra a cabeça de Manfred. Ele ficou descontrolado", disse.

No livro, Casoy conta que todos fizeram uma roda para rezar um pai-nosso. Daniel se acalmou. "O assassino tem memória e isso é muito perturbador. O que aconteceu em 10 minutos é reconstituído em três horas. Quem comete o crime lembra do cenário e do som”, afirmou.

Progressão de pena

O Tribunal de Justiça (TJ-SP) de São Paulo negou, no último dia 20, novo pedido de progressão penal para Suzane, condenada em 2006 a 38 anos de prisão em regime fechado. De acordo com o texto da juíza Sueli Zeraike de Oliveira Armani, da 1ª Vara Criminal de Taubaté, o bom comportamento dentro da prisão não é suficiente para garantir regime semiaberto à jovem. Para Zeraike, o crime foi violento e mostra que Suzane é uma "pessoa presumivelmente perigosa" e que a boa conduta na Penitenciária Feminina de Tremembé pode ser intencional justamente para obter o benefício.

De acordo com o psiquiatra Guido Palomba, S..... poderia chegar à loucura e até cometer suicídio se reconhecesse o erro. Para o psiquiatra, o comportamento da jovem mostra que ela está em uma zona fronteiriça entre a normalidade e a anormalidade. “A pessoa que tem esse comportamento nasce assim e assim morre. Não existe causa psicológica, mas sim, orgânica, é um defeito de estrutura", afirmou.

"Fatos triviais como proibir de sair de casa com o namorado ou não dar dinheiro podem gerar uma ação extremamente brutal, como a que ocorreu. E essas são as piores pessoas que tem menos possibilidade de retorno ao convívio social”, explicou. Para Palomba, Suzane apresenta alta periculosidade, a potência para praticar novos delitos. “Ela não pode cumprir semiaberto de forma alguma. Ela é incompatível com a progressão”.

http://www.band.com.br/jornalismo/cidades/conteudo.asp?ID=213930

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